sexta-feira, 24 de julho de 2020

Luz e sombra


Com imensa surpresa, percebeu pequena fresta aberta na porta do castelo.
Não sem algum receio, empurrou-a.
Não era uma porta pequena. Era enorme, enorme como aquele imenso castelo. Não recordava-se de que fosse assim tão grande; em suas lembranças era - talvez - um castelinho. Talvez o castelo se alimentasse de Tempo. E dez anos são bastante tempo.
Empurrou com força, esperando que fosse pesada e estivesse enferrujada. Esperando um enorme estrondo, um ranger de portas antigas e abandonadas. Mas ela simplesmente se abriu, docemente.
Olhou em volta. Esperava poeira e teias de aranha, velhas tapeçarias roídas pelas traças. Mas, ao contrário, tudo era luz no interior castelo. E se havia uma chuva fininha lá fora, se de onde viera algumas sombras abafavam risos, dentro do castelo um imenso jardim cheio de sol lhe sorria.
Entrou.
Estava de volta ao seu lugar.

domingo, 24 de abril de 2011

Recordando...

Já publiquei aqui este texto, na Páscoa de 2008, quando eu ainda escrevia com certa frequência. Hoje, dia de Páscoa, pouco antes de sair para o almoço na casa da vovó (lá onde mora a cristaleira dessa história), reencontrei-o por acaso, pesquisando outros documentos nas minhas pastas.
Reli e ainda gosto dele. E agora, com FaceBook, o exto vai chegar mais longe! ;)

Feliz e Santa Páscoa a todos!

*

Páscoa

As crianças passavam a Semana Santa observando o movimento dos ovos que chegavam. Era a mãe, vinda do supermercado, a sacola cheia de ovos de chocolates. O pai que trazia e levava caixas de bombons para o trabalho. A madrinha que aparecia, depois de tanto tempo, com um beijo e um chocolate para cada um. E vovó com os coelhinhos. E tios e primos e amigos e chocolates.

E a grande cristaleira de madeira, no meio da sala, cada vez maior e mais gorda.

As crianças esqueciam dos brinquedos e sentavam-se diante dela. Acompanhavam, maravilhados, o milagre dos chocolates que chegavam continuamente.

-Um, dois, três...
-Tem mais um aqui.
-Mamãe pôs mais um hj à tarde.

E contavam e recontavam chocolates. A chave guardada no bolso da mãe, os olhinhos doces implorando em silêncio.
Não tinham permissão para provar nem unzinho antes da Páscoa. Na Semana Santa não havia cristão que convencesse mamãe a liberar chocolates. 
Não, meus filhos! Um pequeno sacrifício: Jesus morreu na Cruz por nós!

E as crianças observavam a enorme cristaleira no meio da sala e perguntavam-se pq é q Jesus foi morrer justo na semana em que chegavam os chocolates. Lá fora o som da matraca, trac-trac-trac, vigiava severamente as crianças. 
E  não fosse o silêncio e não fosse a matraca e não fosse o milagre dos ovos que chegavam e o pequeno sacrifício de apenas observá-los dentro da cristaleira, as crianças provavelmente jamais lembrariam do sublime milagre de um Deus que todos os dias oferece-se em sacrifício.

Até que a matraca cessa.
Até que se acendem as velas na igreja escura.
Até que o coral entoa Aleluias.
E mamãe entrega a chave ao menino mais velho. E abre-se a porta.

-Aleluia! Nosso Senhor ressuscitou!- uma a uma, as crianças repetem a frase cuidadosamente ensinada pelo pai.
-Verdadeiramente ressuscitou!- responde o menino mais velho, uma, duas, três vezes, entregando os ovos aos irmãos, orgulhoso de sua responsabilidade.

E aquela cristaleira, vazia como o sepulcro de Nosso Senhor ressuscitado ensinava às criancinhas a verdadeira alegria da Páscoa.

3:57

Não tenho sono.
É madrugada de Páscoa, o galo canta.
Lá fora faz calor, aqui faz frio.
Eu sempre soube que depois q casasse teria um ar condicionado.

Fiz um pavê para o almoço pascal.
Há louça (muita!) na pia para lavar.
E roupa para tirar da corda
e passar
e guardar no armário.

Mas eu não costumo passar roupa, mesmo.
(nem guardar no armário)

Há um (uns) livro para ler na sala.
E trabalhos a fazer
E provas a corrigir

E eu aqui redescobrindo que sem escrever, me esqueço.
Ai, quem era aquela menina de laço lilás na cabeça?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Onde me encontrar

Não sei se alguém quer saber aonde foi a professora, que sumiu assim tão completamente desde que casou.
Descobri recentemente que é possível ver as "estatísticas"do blog e (ohh, surpresa!) recebi mais de 50 visitas este mês. Alguém cai aqui, nem q seja por acaso...

Peço mil desculpas (as de sempre) e aproveito para explicar que não estou de toda sumida, não. A professora, revoltada (feio isso!) com a situação de suas cordas vocais, começa a pensar em acompanhar seu fotógrafo predileto em suas aventuras fotográficas.

Enquanto não joga o magistério para o alto (para ver aonde ele cai), a professora atualiza, modifica e monitora este espaço: www.fabiomorofotografia.com

Visite-nos, comente, deixe-se fotografar! ;)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Em mudança

Conforme anunciado há muito tempo, mudei tudo. E continuo mudando.
Não sei se está bom, estou estranhando tudo! :/
Tbm não sei qual a intenção, a priori só arejar a casa, abrir a janela, lavar as cortinas... Ainda não achei um layout realmente bom. Muito difícil, sempre.
Estou achando muito poluído... Vcs tbm?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Casei - 1 mês

Casei e os alunos e amigos foram todos ao casamento. :)
Fiquei muito feliz com cada pedacinho da cerimônia e da recepção - e ainda estou muito, muito feliz!
Há fotos no Orkut e no facebook (agora estou lá tbm), mas ponho aqui para q fique registrado, como é de costume.

Pura alegria

O quadro-negro da professora


Sapatinhos de cristal

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Filhos

Já dizia o poeta:

"Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?..."

O Poema enjoadinho é gostoso, e no final das contas, sabe-se que o poeta achou bom tê-los.
Mas, e hj em dia? - dizem as línguas (as boas, as más, as línguas todas!). Como ter filhos hj em dia, num mundo desses? Mais de dois? Ó, céus! (As línguas, ainda...)

Filhos sempre foi um dos meus temas prediletos. E o quase-marido que o diga! ;)
Abaixo, um post encontrado em passeios rede afora.


Não sei se sou mulher o suficiente para isso. Mas gostaria de sê-lo.
Pq é sim, possível tê-los e ser feliz!