sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ele toca!

-É seu irmão que está na peça que vc falou, né?
[Sorrindo, entusiasmada:] -É, é sim!
-O que ele faz mesmo, na peça?
[Orgulhosa:] -Ah, ele toca! Toca flauta, oboé e...
- Mas ele não é ninguém, não?

[Hesitante:] -Ele é músico, ele toca.
- Mas ele aparece lá?

[Desconfiada:] - Humm, dá pra ver, está do lado direito, perto da cortina...
-Ah, mas então ele só toca?!
[Perplexa:] - Sim. Ele toca!
-Ah, bom. Pensei q ele fizesse parte.
[Com intensidade:] ...


(Baseado em fatos reais)
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E já que toquei no assunto, não custa nada avisar pelo blog tbm. =P

Meu irmão está sim, tocando, num musical baseado no conto "Um Homem Célebre", de Machado de Assis. É a história de um compositor que passa a vida escrevendo polcas. Apesar do sucesso, ele se aborrece por ñ ser capaz de escrever algo grandioso como Mozart, Chopin, Bach! E aflito, tenta encontrar-se com a mesma Musa Inspiradora dos grandes gênios.
O conto é ótimo, machadianamente irônico, sério, profundo e divertido. Mais não conto, pq pode ser lido
aqui mesmo, se houver interesse.

Logo de início, fiquei surpresa com a idéia de ouvir Machado cantado. E curiosamente, a adaptação para o teatro conseguiu traduzir o falar machadiano para os palcos, mudando apenas aqui e ali algumas coisas, de forma a dialogar claramente com o público. Wladimir Pinheiro, que escreveu a peça e as músicas, soube manter diálogos mais marcantes do conto, manteve palavras do escritor, manteve a graça, a ironia e a profundidade, manteve a essência de Machado. Mais: conseguiu fazer Machado dançar e cantar modinhas, polcas, samba e até algumas notas de ópera!
Assisti hoje e, embora eu seja em geral, muito chata com adaptações, gostei dessa. A crítica e análise da alma humana, tão bem feitas por Machado, estão presentes na peça de forma bastante explícita. Talvez explícita demais, mas vá, é teatro! E os artistas estão todos muito bem entrosados (fato constatado hj à noite, após a peça, numa mesa de bar, hehe), têm vozes gostosas de se ouvir (sim, é um musical e eles cantam a peça toooda!), dançam lindamente, e nos fazem dar muitas e boas risadas - é uma comédia musical, cheguei a dizer?


Os músicos... Se eles aparecem?!
Perdido entre a bateria, o contrabaixo, o teclado, o violino (ai, quem eu esqueci?!), há um oboísta-flautista no canto direito, quase atrás da cortina. Ele aparece, sim, na peça, se vcs olharem para lá! O som aparece tbm e nem precisa olhar para o palco, basta ouvir. Oras!

E como se o som de tão ilustre oboísta não bastasse, o elenco conta com a presença de Suely Franco e tem direção de Pedro Paulo Rangel. Vale a pena conferir, mesmo!

Muitos aplausos, portanto, para os artistas - os que aparecem, os que ñ aparecem, os que tocam e os que não tocam, os que desenharam o figurino (ai, tão lindo!) , os que acendem as luzes da ribalta e os que, por exemplo, apenas escreveram o roteiro, as músicas e os diálogos... ;)

Fui uma vez, pretendo ir outras mais. Está no CCBB (
Centro Cultural Banco do Brasil), de quarta a domingo, às 19:30. Até junho!
Quem for, me avise! :)

2 comentários:

R. B. Canônico disse...

Iria com vc, Clarinha, caso morasse aí! :)

Li esse conto nas férias, e gostei bastante. Aliás, li vários contos de Machado, um melhor do que o outro. Gostei bastante mesmo.

E essa, em específico, que trata de um tema musical, digamos, deve ter ficado muito bem musicado!

A|gora, impressionante o desdém com relação aos musicos! :|

Clarinha disse...

Oba, um comentário, afinal!
Adoraria q vc viesse, Rodolfo! É até junho, dá tempoooo! ;)