Distraída diante dos trilhos, viu passar o trem. E aqueles olhos e toda aquela música, cores de se ouvir. Perseguiu-os com os seus, olhar em busca de outro.
Entretanto, passara depressa o vagão e era só música e eram só cores, em breve era apenas o apitar do trem. Apertou o passo, correu, avistou-os mais uma vez. Os olhos, apenas.
E a certeza de que levavam consigo a música cujas cores esperara por tanto tempo, na estação.
Parte o trem - este que nunca carrega tempo suficiente para as despedidas, mas o bastante para desencontros.
Olhos, cores, música. E o bater das rodas nas pedras. E o roncar das máquinas. O interminável apitar do trem. E mais nada.
Somente ela.
Distraída diante dos trilhos.