sábado, 12 de janeiro de 2008

Inacabados

Algumas pessoas colecionam selos.
Há os que juntam moedas
ou mesmo cartas antigas.

Eu cá coleciono palavras
que amontôo nos papéis em branco,
anoto na borda dos livros,
guardo em meus pensamentos.
Até perdê-las.

De vez em quando, encontro o início de um conto,

e ele me acena, avisando esperar um final.
Aceno de volta, peço paciência.

E espero que, hora dessas, uma palavra encontre outra,
dentre tantas.
E que terminem, por mim, meus tantos contos inacabados.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Balanço

Escrevendo o título, me dei conta do quanto gosto da palavra “balanço”, em todos os seus significados. A primeira intenção era no sentido de avaliação, balanço do ano que passou. Mas ao deparar-me com a palavra escrita, a imagem imediata foi o brinquedo que alegra praças, parques e crianças.

Tão gostoso balançar-se sem compromisso, para lá e pra cá, sentindo o vento nos cabelos! Tão gostosa a imagem de um pai empurrando a cadeirinha, a criança rindo alto, o mundo passando rápido sob seus pés. E tem a moça que balança leve sobre o balanço do parque, pensando decerto em coisas bobas, mas necessárias. Que balança leve e sorri gostoso.

E tem o balanço ritmo, balanço dança, balanço leve da cabeça ou dos dedos, acompanhando a orquestra; ou o balanço do tronco, dos braços, balanço inteiro de quem ouve Noel ou Pixinguinha. Balanço do músico que ao tocar, ondeia o instrumento, de levezinho.

Ondeia. Balanço das ondas no mar... Calmas, ida e volta; agitadas, imensas, balançando-se constantemente. E a rede, entre coqueiros, balança, balança, balança...

Cadeira de balanço.
Tem balanço tão significativo quanto esse da cadeira que, sozinha, embala recordações? E as folhas das árvores, que balançam com o vento. E a gaivota que plana e balança por cima do balanço das águas. E a mãe que embala o filho à noite, balançando-o de lá pra cá, enquanto canta. E os namorados que balançam sonhos nas mãos entrelaçadas.

O ano que passou me trouxe essas idéias, tolas talvez, mas leves. Me leva a concluir que foi, sim, um lindo ano. Volume gostoso deste livro que escrevo, ilustrado com aquarela, que é tinta leve cujas cores ondeiam –e balançam - sobre os desenhos.

A todos nós, portanto, belos balanços em 2008. ^^