domingo, 31 de julho de 2005

Maratona de Contos

Mais uma vez interrompo a exposição... É coisa rápida. Só pra pensar...

(...)

Acabo de chegar da Maratona de Contos que o SESC está oferecendo gratuitamente neste final de semana. Contadores de histórias de toda a parte (e eu nunca imaginei que pudessem ser tantos!), todos reunidos e obviamente, contando sem parar, com muito talento, suas histórias. A maratona é tão animada, que vai por toda a madrugada e só termina amanhã à tarde. Por pouco não fiquei lá! Mas volto amanhã, sem dúvida, e cedo, pra não perder muita coisa!


Sempre fui apaixonada por histórias, cresci contando e inventando histórias. Costumava ser chamada para aniversários de priminhos mais novos apenas para distrair a criançada, sempre contando histórias. Naquela idade, não sabia que Contador de Histórias era profissão. Aliás, vim a descobrir isso há relativamente muito pouco tempo...

Meu maior sonho, então, era ser professora. Uma vez alcançado, lancei-me no alemão, por culpa de um certo escritor do qual já falei (e se não falo mais é por receio de não parar!), meio sem pensar. Mas aquela minha parte contadora de histórias, apaixonada por crianças, por folclore, por música, esteve sempre ali, levantando a voz pela manhã e se escondendo depois que eu liberava meus alunos.

Vez por outra, a voz gritou, pedindo para falar durante a tarde. Eu não deixei... Pensei até ter desaprendido a arte do gostar de contar histórias. Mas hoje, depois que me vi na Maratona, depois de ouvir tantas histórias... Ah! Ai, q vontade de lançar-me no meio daquele palco, para também contar histórias! Ai, que vontade!

A vida é estranha. Muita gente não sabe o que fazer no futuro. Eu simplesmente gostaria de fazer tudo, e de tanta indecisão só consigo fazer nada! Ora pretendo firmar-me na língua alemã, ora pretendo pesquisar sobre contos infantis, se agora gostaria de fazer literatura, logo mais estarei às voltas com minhas (ainda frustradas) tentativas de tradução. Hoje escrevo meio romance, amanhã o lanço fora e decido estar apenas com minhas crianças. Para em seguida pretender firmar-me na língua alemã... Aff!

São áreas tão próximas, e em sua proximidade, tão distintas! Não sei se este conflito tem fim. Não sei se poderei ser uma coisa só, ou se poderei ser todas. Ou se acabarei nenhuma. Não sei...


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O mais lindo do Contar Histórias, é que em geral não contamos histórias nossas. Tomamos o bem de outrem, transformamos em particular para depois torná-lo público. E a Miga trouxe um pra gente. Não como dever de casa, mas por ser tbm boa contadora de histórias...


Viagem Definitiva

E eu partirei.

E os pássaros ficarão, cantando; e meu jardim ficará, com sua árvore verdejante, e seu poço branco.
Todas as tardes o céu será azul e plácido; e os sinos da torre repicarão, como repicam esta tarde.
Aqueles que me amaram passarão, e a cidade desabrochará de novo a cada ano;
E meu espírito sempre vagará, nostálgico no mesmo recanto escondido de meu jardim florido...
E eu partirei;

E estarei sozinho, sem morada, sem árvore verdejante, sem poço branco, sem céu plácido...
E os pássaros ficarão, cantando.

(Juan Ramon Jiménez)


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Muito lindo, Miga! A tradução foi sua? Encontrei o mesmo poema em um blog, no original e em uma tradução de Manuel Bandeira. Interessante ver... Obrigada, Miga, continue sempre assim! ;)