Eu devia estar fazendo mil outras coisas- entre elas, o almoço- mas cá estou, atualizando o blog. Volta e meia me pego pensando no que escrever aqui...
De vez em quando sai uma poesia torta, um mini-texto, um desenho apressado, um sorriso escondido, uma frase solta ao vento. Vou juntando tudo, confundindo tudo entre todos os papéis que diariamente me acompanham e nada vem pra cá, no fim das contas.
Juntei alguns, todos memórias sem data. Um apanhado de meus últimos papéis esparsos:
Aquela menina de cabelos presos em cachos por um fino laço lilás passou muito tempo inclinada à janela. Olhar vago, quase choroso, eu diria. Diria, se ela tivesse chorado.
Juntei alguns, todos memórias sem data. Um apanhado de meus últimos papéis esparsos:
Aquela menina de cabelos presos em cachos por um fino laço lilás passou muito tempo inclinada à janela. Olhar vago, quase choroso, eu diria. Diria, se ela tivesse chorado.
Mas ela permaneceu assim, dias a fio, o olhar mudo passeando pelas ruas. De movimento, apenas os cachos, brincando com o vento.
A insistente voz da mãe fez com que descesse a atravessasse o umbral da porta. Os pés guiaram-na pelo caminho conhecido, andando sem cansaço, sem decisão, sem certeza. Até se perderem.
Então pararam, e ela ergueu os olhos. Estava perdida, estavam perdidos. Caminhos que se cruzavam e levavam a lugar algum. Estrada sem placas ou com placas demais, ela não saberia dizer. Ela nunca sabe dizer nada.
Restava seguir caminho ou retornar.
***
Entre o caderno de linhas
E aquele bloco branco
Prefiro o segundo.
Que não impõe limite aos sonhos.
***
Segredei-lhe, no inverno,
meus segredos.
Você fingiu não ouvir.
Mas deixou que a canção continuasse tocando.
Agora já é primavera,
logo virá o verão.
As palavras que não ouviste,
Haverá os que ouvirão.
E brotam as flores.
E chove, de leve.
Na brisa, uma nova canção.
***