quarta-feira, 11 de maio de 2005


Em casa, apoiada na janela apenas para fugir das obrigações acumuladas durante o dia, pressentiu a sombra de seu chapéu - muito embora ele jamais houvesse usado um chapéu. Assim sentiu, mas não tentou sequer seguir a sombra com o olhar. Apenas permaneceu à janela, pensando se seria melhor assim. Afinal, perseguir sombras pode ser, às vezes, tudo o que é possível fazer!

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Não demorou muito até que a sentisse mais uma vez. Aquela sombra insistente que, enquanto buscada no parque pela moça, fizera questão de não passar. Agora que a lembrança do parque escorria pelos dedos nebulosos do tempo, a sombra do chapéu que ele não usava insistia em persegui-la. Passava de lá para cá sob a janela, ou ao menos ela pensava sentir a sombra passando. E pensava também ser a causa daquele passar insistente. Podia ser ou não, desde q ela acreditasse ser. Acreditando, fazia com que realmente assim fosse, embora o moço mal soubesse disso. E ele? Passava, realmente. Talvez a caminho da padaria... Ela não sabia para onde ele ia. E a ignorância da realidade desenhava um melancólico sorriso no rosto da jovem, que retirou uma pétala lilás de dentre as páginas do livro... Ele passava afinal, e era bom, e era tudo o que importava... Embora já nem fizesse diferença... Ou fazia?!

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Professora Maluquinha - no momento Sapatinho de Cristal - deseja a todos os seus fidelíssimos leitores uma boa madrugada. E até amanhã!