Descobri Raquel de Queiroz somente este ano e, claro, gostei muito. :)
Entre as descobertas, está o conto O Ateu, de temática natalina e muito gostoso e bonito de se ler.
Transcrevo aqui alguns trechos e convido todos a lerem um pouquinho de Raquel. Depois lembrem de me dizer suas impressões.
"Era uma vez, já faz muito tempo, havia um homem que era ateu. Naquele pequeno povoado onde morava não havia nenhum outro ateu igual a ele, de forma que o coitado vivia em grande isolamento. (...)E se alguma das pessoas vindas de longe para assistir às festas naquele povoado estranhava a silhueta do homem solitário a ler junto à fresca da janela e perguntava por que não estava ele na missa ou na ceia, o povo da terra explicava:
- Ele não pode, coitado. É o nosso ateu.
(...)
Assim chegou o Natal e foi arrumado o presépio e começou a romaria dos visitantes que iam beijar o pé do Menino. E a namorada do ateu deu de teimar para que ele a acompanhasse nessa visita obrigatória. Ele dizia que não, e só com muito custo consentiria em entrar na sala e ficar a um canto, enquanto ela fizesse a sua devoção. Mas assim a rapariga não aceitava:
- Que é que custa um beijo? Você não me beija?
Ele sorria:
- Mas você é gente, é de carne e eu lhe quero bem. O Menino, como vocês chamam, é um bonequinho de louça.
A moça argumentou que de louça também era a xícara que ele levava aos lábios e não lhe fazia mal nenhum.
(...)"
Texto completo aqui.
Que o sorriso do Menino Jesus ilumine nossos caminhos e seja nossa força e guia durante o ano que se inicia.
(pareceu um versinho, mas ñ foi de propósito...)
Um Santo Natal e um feliz - e tbm santo - 2009!
Um blog que deverá ser sobre a vida, a casa nova, o casamento, as viagens e o que vier. Um pouco mais de Diário, um pouco menos de textos insones. A menos que dê insônia. ;)
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Já é Natal!
Somente hoje à noite, ao chegar em casa, é que me dei conta de que o Natal chegou. Chegou e pronto, é Natal. Pensei em como, com o tempo, o Natal veio perdendo a graça. Culpei a falta de crianças pequenas, a falta de um presépio grande – como o q costumávamos montar em família- a falta de inocência, a falta de tempo, até a falta dos espíritos natalinos de Charles Dickens. Culpei-os, todos, e entrei em casa com a sensação do Natal chegado entalada na garganta.
Passando pelo quarto de mamãe, a repórter anunciou os horários dos Correios, amanhã – fecham ao meio dia. E eu ñ escrevera uma linha de Natal para ninguém! Já era madrugada, mas espalhei cartões, canetas coloridas, envelopes e endereços à minha volta. E devagarinho, fui lembrando dos amigos que o tempo parece querer q esqueçamos. A cada um, desejei algo de bom e para todos, fiz uma breve oração. Pensando em cada um, lembrei do Menino Jesus que chegou para nos salvar e que nos abençoa para entrarmos bem em 2009.
Escrevendo cartões, armei um presépio dentro de mim, tanto ou mais importante que o presépio que eu montava quando pequena.
Obrigada aos amigos que me trouxeram o Natal, em pleno Natal! ^^
E feliz Natal a todos nós!
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Bonitezas
Em minhas andanças pela cidade, cruzo, de qd em vez, com coisas gostosas de se ver. Depois acabo esquecendo -as, e é uma pena.
Bonitezas de hj:
-Um Largo da Carioca cheinho de gente, inclusive o moço q prega o fim do mundo e uma senhora q berrava contra Hitler. Hj havia tbm cangaceiros dançando forró e o velho senhor dos passarinhos. Sorri ao passar e uma moça sorriu tbm, comentando que igual, ñ há. Não mesmo!
-Opa, comprei um presente. Não conto o quê, nem pra quem, sei que vai me valer um sorriso e um beijo. No mais, é segredo até o Natal. Comprar presentes é sempre uma boniteza à parte, principalmente qd se gasta bem menos do q se pensava gastar! :P
-O Convento de St. Antônio. O altar está em reforma e um dia, a reforma acaba. Ficará ainda mais lindo! Havia uma senhora, lá em cima, próximo ao elevador. Toda vez q o elevador pára lá, ela pergunta ao ascensorista por alguém, esquecida de q a pergunta já foi feita na subida anterior. E o ascensorista responde todas as vezes com o mesmo sorriso.
- Um senhor entrou no ônibus e cantarolou qq coisa. Descobri q era pipoqueiro, porque entregou um saco de pipocas - doce - à trocadora e outro -salgada - ao motorista. Os dois sorriram bonito, eu sei, embora ñ tenha visto.
-Mais bonito ainda: o motorista aproveitou o sinal fechado para bater na janela do ônibus ao lado e presentear a trocadora (chamada Conceição) com seu saco de pipocas. Ela tbm sorriu bonito, e dessa vez, eu vi. Imaginei que ele gosta dela e q ela apenas sorri (e come pipoca), mas em breve, descobrirá q tbm gosta dele. E ficará feliz, feliz!
:)
Bonitezas de hj:
-Um Largo da Carioca cheinho de gente, inclusive o moço q prega o fim do mundo e uma senhora q berrava contra Hitler. Hj havia tbm cangaceiros dançando forró e o velho senhor dos passarinhos. Sorri ao passar e uma moça sorriu tbm, comentando que igual, ñ há. Não mesmo!
-Opa, comprei um presente. Não conto o quê, nem pra quem, sei que vai me valer um sorriso e um beijo. No mais, é segredo até o Natal. Comprar presentes é sempre uma boniteza à parte, principalmente qd se gasta bem menos do q se pensava gastar! :P
-O Convento de St. Antônio. O altar está em reforma e um dia, a reforma acaba. Ficará ainda mais lindo! Havia uma senhora, lá em cima, próximo ao elevador. Toda vez q o elevador pára lá, ela pergunta ao ascensorista por alguém, esquecida de q a pergunta já foi feita na subida anterior. E o ascensorista responde todas as vezes com o mesmo sorriso.
- Um senhor entrou no ônibus e cantarolou qq coisa. Descobri q era pipoqueiro, porque entregou um saco de pipocas - doce - à trocadora e outro -salgada - ao motorista. Os dois sorriram bonito, eu sei, embora ñ tenha visto.
-Mais bonito ainda: o motorista aproveitou o sinal fechado para bater na janela do ônibus ao lado e presentear a trocadora (chamada Conceição) com seu saco de pipocas. Ela tbm sorriu bonito, e dessa vez, eu vi. Imaginei que ele gosta dela e q ela apenas sorri (e come pipoca), mas em breve, descobrirá q tbm gosta dele. E ficará feliz, feliz!
:)
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Medo. Tantos.
Sempre gostei de dizer que não tinha medo de nada. E por muito tempo, acreditei nisso, incapaz de reconhecer medos. Mesmo hoje, ao pensar em meus medos de infância, tenho dificuldade para encontrá-los, tão escondidos dentro de mim, tamanho meu medo deles.
Lá longe ouço um medo de abelha, que me persegue zunzunindo durante a vida. Medo de ferroada de abelha, de vespa, de maribondo, medo de ferrão. Também havia o medo terrível dos dias em que meu pai chamava as crianças empunhando a ameaçadora garrafa de óleo de fígado de bacalhau. E penso agora que talvez ele também tivesse medo. Talvez.
Tinha medo de bonecas grandes, medo de que acordassem à noite e não gostassem de mim. Medo de seus dedinhos afiados perto dos lençóis. E medo de cachorro, grande ou pequeno. Medo que latissem perto demais.
Também havia o medo de tirar nota baixa em matemática, e o medo enorme de todos aqueles números que a acompanham ruidosamente. Medo de que a professora gritasse e de passar vergonha. Medo de risadas na sala. Medo de minha mãe chorar por causa da nota baixa, medo de ficar de castigo e medo de precisar estudar mais matemática. Medo de não ganhar presente de Natal.
Depois, medo da morte. Medo de nunca mais ver e de nunca mais sentir. Medo de ficar sem pra sempre. Medo de perder, medo de se perder e de ficar perdida. Sempre tive medo do nunca mais. E medo de pesadelo, medo de sonho repetido repetido e repetido, repetidamente sem fim. Medo de um pra sempre ruim.
E veio o medo de ser diferente dos amigos, medo de ser igual aos amigos e o medo de não ter amigos. Medo de estar sempre sozinha, de fazer tudo errado, medo de ser esquecida. Medo de risos altos. E de risos baixos. Medo de que não gostassem, medo de que gostassem.
Medo do novo. Medo da vida.
E com o tempo, medo de começar e medo de não dar certo. Medo do ponto final, que sempre é ponto e vírgula, mas não parece. E esse medo de não aprender, medo de esquecer, medo de tentar de novo, medo de fazer sempre a mesma coisa. Medo de não ser capaz. E o medo de repetir erros, medo de solidão. Medo de não ser feliz. Medo de não fazer feliz.
Medo de encarar meus medos e tanto medo de não ter coragem para vencer medos descobertos. Tantos medos.
Medo, tanto medo de ter sempre medo deles...
------------------------------------------------------------
(Não, não é uma crise. ;) O texto foi escrito para uma disciplina da pós e achei q ficaria bem aqui. Não?)
Lá longe ouço um medo de abelha, que me persegue zunzunindo durante a vida. Medo de ferroada de abelha, de vespa, de maribondo, medo de ferrão. Também havia o medo terrível dos dias em que meu pai chamava as crianças empunhando a ameaçadora garrafa de óleo de fígado de bacalhau. E penso agora que talvez ele também tivesse medo. Talvez.
Tinha medo de bonecas grandes, medo de que acordassem à noite e não gostassem de mim. Medo de seus dedinhos afiados perto dos lençóis. E medo de cachorro, grande ou pequeno. Medo que latissem perto demais.
Também havia o medo de tirar nota baixa em matemática, e o medo enorme de todos aqueles números que a acompanham ruidosamente. Medo de que a professora gritasse e de passar vergonha. Medo de risadas na sala. Medo de minha mãe chorar por causa da nota baixa, medo de ficar de castigo e medo de precisar estudar mais matemática. Medo de não ganhar presente de Natal.
Depois, medo da morte. Medo de nunca mais ver e de nunca mais sentir. Medo de ficar sem pra sempre. Medo de perder, medo de se perder e de ficar perdida. Sempre tive medo do nunca mais. E medo de pesadelo, medo de sonho repetido repetido e repetido, repetidamente sem fim. Medo de um pra sempre ruim.
E veio o medo de ser diferente dos amigos, medo de ser igual aos amigos e o medo de não ter amigos. Medo de estar sempre sozinha, de fazer tudo errado, medo de ser esquecida. Medo de risos altos. E de risos baixos. Medo de que não gostassem, medo de que gostassem.
Medo do novo. Medo da vida.
E com o tempo, medo de começar e medo de não dar certo. Medo do ponto final, que sempre é ponto e vírgula, mas não parece. E esse medo de não aprender, medo de esquecer, medo de tentar de novo, medo de fazer sempre a mesma coisa. Medo de não ser capaz. E o medo de repetir erros, medo de solidão. Medo de não ser feliz. Medo de não fazer feliz.
Medo de encarar meus medos e tanto medo de não ter coragem para vencer medos descobertos. Tantos medos.
Medo, tanto medo de ter sempre medo deles...
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(Não, não é uma crise. ;) O texto foi escrito para uma disciplina da pós e achei q ficaria bem aqui. Não?)
domingo, 24 de agosto de 2008
Aniversário Atrasado
Mais um aniversário passou e passou sem nenhum post novo. E resolvi resolver isso agora mesmo, do jeito q fosse.
Próximo de meu aniversário, por coincidência ou não, acabo sempre me encontrando com papéis guardados. Aliás, mudando de assunto -mas ñ muito - notei que tenho muitos papéis guardados anteriores a 2004, ou seja , antes do orkut e do blog. Depois disso, entrei de tal forma para o mundo virtual que meus papéis guardados ñ são concretos, estão todos em arquivos do word q não posso tocar. Não é bom, gosto do toque do papel e do amarelecer -folhas do word não amarelam com o tempo. Sei lá, nem há tempo para elas... :S
Amarelar é estranho, pq não parece bom. De forma geral, significa sentir medo. E não é medo o que as folhas de papel sentem enquanto envelhecem. Tornam-se, antes, mais bonitas e, embora tenham sempre o mesmo conteúdo escrito, quanto mais douradas ficam, mais histórias contam. É isso, elas doiram.
Nos meus aniversários, quero sempre doirar, como uma folha de papel escrita.
;)
segunda-feira, 21 de julho de 2008
domingo, 13 de julho de 2008
Minhas Coisas Favoritas
Winnetou com chocolate suíço, fondue de queijo com vinho, A Noviça Rebelde num telão em alto som, carta chegando, Praga, Essen, München, Londres, uma igrejinha no alto do morro, dedos brincando entre os cachos de cabelo, gargalhadas de crianças, licor de chocolate, árvore de Natal piscando, presente surpresa, mãos entrelaçadas, sorriso de bebê, incenso na missa, Largo do Boticário, ovos de Páscoa atrás do escudo, Convento de st. Antônio, flores inesperadas, Copacabana à noite, Häagen-Dasz de frutas vermelhas, música cantarolada, livro debaixo do travesseiro, torpedinhos, scraps, sapatinhos de rubi, comida japonesa, lilases, borboletas azuis, trem chegando, gregoriano, neve, casa na árvore, Quintana, castelos de bandeirinhas ao vento, ponte sobre o riacho, abraço apertado, Petrópolis, Paquetá, pedalinho, balanço, cisnes em Versailles, sol no papel, bolo soltinho, janelas abertas, ovelhinha Maria, seu violão, nosso amor, uma canção...
http://br.youtube.com/watch?v=GF34PbVRBLU&feature=related
Pq sempre há um momento em q é preciso lembrar das minhas coisas favoritas.
http://br.youtube.com/watch?v=GF34PbVRBLU&feature=related
Pq sempre há um momento em q é preciso lembrar das minhas coisas favoritas.
sábado, 28 de junho de 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Vã Cartografia
Soltas as amarras, parte a escuna.
Estamos em pleno mar.
Não há carta de navegação,
não há rimas para cantar.
Tampouco cerração
ou bruma.
Mas há!
E pensar que até outro dia, desenhava mapas de terras inexistentes.
Estamos em pleno mar.
Não há carta de navegação,
não há rimas para cantar.
Tampouco cerração
ou bruma.
Mas há!
E pensar que até outro dia, desenhava mapas de terras inexistentes.
domingo, 18 de maio de 2008
18.05.08
Afetou um ar distraído quando o notou.
Fez que não viu, caminhou sem pressa, voltou a cabeça. Por entre as árvores à beira da estrada, um olhar acompanhava seus passos.
Sorriu mais para si mesma que para o olhos, lembrou de janelas, ventos e flores, de lago e palácio - ainda tão próximos, que podia avistar as torres lá atrás. Tomou a direção do mar.
Entre água e céu, aspirou a liberdade que vinha cultivando anos a fio. Amava-a. Era sua.
Presa.
Presa da liberdade, pensou. Como um inseto.
A alguns passos, o olhar.
Disposto a soltar-lhe amarras.
Fez que não viu, caminhou sem pressa, voltou a cabeça. Por entre as árvores à beira da estrada, um olhar acompanhava seus passos.
Sorriu mais para si mesma que para o olhos, lembrou de janelas, ventos e flores, de lago e palácio - ainda tão próximos, que podia avistar as torres lá atrás. Tomou a direção do mar.
Entre água e céu, aspirou a liberdade que vinha cultivando anos a fio. Amava-a. Era sua.
Presa.
Presa da liberdade, pensou. Como um inseto.
A alguns passos, o olhar.
Disposto a soltar-lhe amarras.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Ele toca!
-É seu irmão que está na peça que vc falou, né?
[Sorrindo, entusiasmada:] -É, é sim!
-O que ele faz mesmo, na peça?
[Orgulhosa:] -Ah, ele toca! Toca flauta, oboé e...
- Mas ele não é ninguém, não?
[Hesitante:] -Ele é músico, ele toca.
- Mas ele aparece lá?
[Desconfiada:] - Humm, dá pra ver, está do lado direito, perto da cortina...
-Ah, mas então ele só toca?!
[Perplexa:] - Sim. Ele toca!
-Ah, bom. Pensei q ele fizesse parte.
[Com intensidade:] ...
(Baseado em fatos reais)
---------------------------------------------------------
E já que toquei no assunto, não custa nada avisar pelo blog tbm. =P
Meu irmão está sim, tocando, num musical baseado no conto "Um Homem Célebre", de Machado de Assis. É a história de um compositor que passa a vida escrevendo polcas. Apesar do sucesso, ele se aborrece por ñ ser capaz de escrever algo grandioso como Mozart, Chopin, Bach! E aflito, tenta encontrar-se com a mesma Musa Inspiradora dos grandes gênios.
O conto é ótimo, machadianamente irônico, sério, profundo e divertido. Mais não conto, pq pode ser lido aqui mesmo, se houver interesse.
Logo de início, fiquei surpresa com a idéia de ouvir Machado cantado. E curiosamente, a adaptação para o teatro conseguiu traduzir o falar machadiano para os palcos, mudando apenas aqui e ali algumas coisas, de forma a dialogar claramente com o público. Wladimir Pinheiro, que escreveu a peça e as músicas, soube manter diálogos mais marcantes do conto, manteve palavras do escritor, manteve a graça, a ironia e a profundidade, manteve a essência de Machado. Mais: conseguiu fazer Machado dançar e cantar modinhas, polcas, samba e até algumas notas de ópera!
Assisti hoje e, embora eu seja em geral, muito chata com adaptações, gostei dessa. A crítica e análise da alma humana, tão bem feitas por Machado, estão presentes na peça de forma bastante explícita. Talvez explícita demais, mas vá, é teatro! E os artistas estão todos muito bem entrosados (fato constatado hj à noite, após a peça, numa mesa de bar, hehe), têm vozes gostosas de se ouvir (sim, é um musical e eles cantam a peça toooda!), dançam lindamente, e nos fazem dar muitas e boas risadas - é uma comédia musical, cheguei a dizer?
Os músicos... Se eles aparecem?!
Perdido entre a bateria, o contrabaixo, o teclado, o violino (ai, quem eu esqueci?!), há um oboísta-flautista no canto direito, quase atrás da cortina. Ele aparece, sim, na peça, se vcs olharem para lá! O som aparece tbm e nem precisa olhar para o palco, basta ouvir. Oras!
Fui uma vez, pretendo ir outras mais. Está no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), de quarta a domingo, às 19:30. Até junho!
Quem for, me avise! :)
[Sorrindo, entusiasmada:] -É, é sim!
-O que ele faz mesmo, na peça?
[Orgulhosa:] -Ah, ele toca! Toca flauta, oboé e...
- Mas ele não é ninguém, não?
[Hesitante:] -Ele é músico, ele toca.
- Mas ele aparece lá?
[Desconfiada:] - Humm, dá pra ver, está do lado direito, perto da cortina...
-Ah, mas então ele só toca?!
[Perplexa:] - Sim. Ele toca!
-Ah, bom. Pensei q ele fizesse parte.
[Com intensidade:] ...
(Baseado em fatos reais)
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E já que toquei no assunto, não custa nada avisar pelo blog tbm. =P
Meu irmão está sim, tocando, num musical baseado no conto "Um Homem Célebre", de Machado de Assis. É a história de um compositor que passa a vida escrevendo polcas. Apesar do sucesso, ele se aborrece por ñ ser capaz de escrever algo grandioso como Mozart, Chopin, Bach! E aflito, tenta encontrar-se com a mesma Musa Inspiradora dos grandes gênios.
O conto é ótimo, machadianamente irônico, sério, profundo e divertido. Mais não conto, pq pode ser lido aqui mesmo, se houver interesse.
Logo de início, fiquei surpresa com a idéia de ouvir Machado cantado. E curiosamente, a adaptação para o teatro conseguiu traduzir o falar machadiano para os palcos, mudando apenas aqui e ali algumas coisas, de forma a dialogar claramente com o público. Wladimir Pinheiro, que escreveu a peça e as músicas, soube manter diálogos mais marcantes do conto, manteve palavras do escritor, manteve a graça, a ironia e a profundidade, manteve a essência de Machado. Mais: conseguiu fazer Machado dançar e cantar modinhas, polcas, samba e até algumas notas de ópera!
Assisti hoje e, embora eu seja em geral, muito chata com adaptações, gostei dessa. A crítica e análise da alma humana, tão bem feitas por Machado, estão presentes na peça de forma bastante explícita. Talvez explícita demais, mas vá, é teatro! E os artistas estão todos muito bem entrosados (fato constatado hj à noite, após a peça, numa mesa de bar, hehe), têm vozes gostosas de se ouvir (sim, é um musical e eles cantam a peça toooda!), dançam lindamente, e nos fazem dar muitas e boas risadas - é uma comédia musical, cheguei a dizer?
Os músicos... Se eles aparecem?!
Perdido entre a bateria, o contrabaixo, o teclado, o violino (ai, quem eu esqueci?!), há um oboísta-flautista no canto direito, quase atrás da cortina. Ele aparece, sim, na peça, se vcs olharem para lá! O som aparece tbm e nem precisa olhar para o palco, basta ouvir. Oras!
E como se o som de tão ilustre oboísta não bastasse, o elenco conta com a presença de Suely Franco e tem direção de Pedro Paulo Rangel. Vale a pena conferir, mesmo!
Muitos aplausos, portanto, para os artistas - os que aparecem, os que ñ aparecem, os que tocam e os que não tocam, os que desenharam o figurino (ai, tão lindo!) , os que acendem as luzes da ribalta e os que, por exemplo, apenas escreveram o roteiro, as músicas e os diálogos... ;)Fui uma vez, pretendo ir outras mais. Está no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), de quarta a domingo, às 19:30. Até junho!
Quem for, me avise! :)
sábado, 5 de abril de 2008
Em branco
Faz já muito tempo - e o que se escreve aconteceu sempre há muito tempo.
Mas tudo, tudo
foi aquela pequena flor
que colhida das ramagens, num gesto que parecia ser carinho,
numa tarde que parecia ser de sol,
num dia que parecia ser o mais lindo,
num parecer que tanto parecia,
veio parar nestas páginas escondidas.
E onde já se viu ficar escrevendo em flor em branco?
Mas tudo, tudo
foi aquela pequena flor
que colhida das ramagens, num gesto que parecia ser carinho,
numa tarde que parecia ser de sol,
num dia que parecia ser o mais lindo,
num parecer que tanto parecia,
veio parar nestas páginas escondidas.
E onde já se viu ficar escrevendo em flor em branco?
domingo, 23 de março de 2008
Feliz Páscoa!
As crianças passavam a Semana Santa observando o movimento dos ovos que chegavam. Era a mãe, vinda do supermercado, a sacola cheia de ovos de chocolates. O pai que trazia e levava caixas de bombons para o trabalho. A madrinha que aparecia, depois de tanto tempo, com um beijo e um chocolate para cada um. E vovó com os coelhinhos. E tios e primos e amigos e chocolates.
E a grande cristaleira de madeira, no meio da sala, cada vez maior e mais gorda.
As crianças esqueciam dos brinquedos e sentavam-se diante dela. Acompanhavam, maravilhados, o milagre dos chocolates que chegavam continuamente.
-Um, dois, três...
-Tem mais um aqui.
-Mamãe pôs mais um hj à tarde.
E contavam e recontavam chocolates. A chave guardada no bolso da mãe, os olhinhos doces implorando em silêncio.
Não tinham permissão para provar nem unzinho antes da Páscoa. Na Semana Santa não havia cristão que convencesse mamãe a liberar chocolates. Não, meus filhos! Jesus morreu na Cruz por nós!
E as crianças observavam a enorme cristaleira no meio da sala e perguntavam-se pq é q Jesus foi morrer justo na semana em que chegavam os chocolates. Lá fora, o som da matraca, trac-trac-trac, vigiava severamente as crianças.
E se não fosse o silêncio e se não fosse a matraca e se não fosse o milagre dos ovos que chegavam e o pequeno sacrifício de apenas observá-los dentro da cristaleira, as crianças provavelmente jamais lembrariam do sublime milagre de um Deus que, todos os dias, oferece-se em sacrifício.
Até que a matraca cessa.
Até que se acendem as velas na igreja escura.
Até que o coral entoa Aleluias.
E mamãe entrega a chave ao menino mais velho. E abre-se a porta.
-Aleluia! Nosso Senhor ressuscitou!- uma a uma, as crianças repetem a frase cuidadosamente ensinada pelo pai.
-Verdadeiramente ressuscitou!- responde o menino mais velho, uma, duas, três vezes, entregando os ovos aos irmãos, orgulhoso de sua responsabilidade.
E aquela cristaleira, vazia como o sepulcro de Nosso Senhor ressuscitado, ensinava às criancinhas a verdadeira alegria da Páscoa.
E a grande cristaleira de madeira, no meio da sala, cada vez maior e mais gorda.
As crianças esqueciam dos brinquedos e sentavam-se diante dela. Acompanhavam, maravilhados, o milagre dos chocolates que chegavam continuamente.
-Um, dois, três...
-Tem mais um aqui.
-Mamãe pôs mais um hj à tarde.
E contavam e recontavam chocolates. A chave guardada no bolso da mãe, os olhinhos doces implorando em silêncio.
Não tinham permissão para provar nem unzinho antes da Páscoa. Na Semana Santa não havia cristão que convencesse mamãe a liberar chocolates. Não, meus filhos! Jesus morreu na Cruz por nós!
E as crianças observavam a enorme cristaleira no meio da sala e perguntavam-se pq é q Jesus foi morrer justo na semana em que chegavam os chocolates. Lá fora, o som da matraca, trac-trac-trac, vigiava severamente as crianças.
E se não fosse o silêncio e se não fosse a matraca e se não fosse o milagre dos ovos que chegavam e o pequeno sacrifício de apenas observá-los dentro da cristaleira, as crianças provavelmente jamais lembrariam do sublime milagre de um Deus que, todos os dias, oferece-se em sacrifício.
Até que a matraca cessa.
Até que se acendem as velas na igreja escura.
Até que o coral entoa Aleluias.
E mamãe entrega a chave ao menino mais velho. E abre-se a porta.
-Aleluia! Nosso Senhor ressuscitou!- uma a uma, as crianças repetem a frase cuidadosamente ensinada pelo pai.
-Verdadeiramente ressuscitou!- responde o menino mais velho, uma, duas, três vezes, entregando os ovos aos irmãos, orgulhoso de sua responsabilidade.
E aquela cristaleira, vazia como o sepulcro de Nosso Senhor ressuscitado, ensinava às criancinhas a verdadeira alegria da Páscoa.
sexta-feira, 14 de março de 2008
Fernando Pessoa
E oras vejam, achei um Pessoa que me cabe muito bem nesta semana...
Poema
Fernando Pessoa
O céu, azul de luz quieta.
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa -
pontas de dedos a brincar.
No piano anônimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo sentido deste dia.
Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.
(em Mensagem, ed. Nova Fronteira)
quarta-feira, 5 de março de 2008
Tabacarias
Para começo da prosa: tenho paixão por tabacarias.
E pouca gente sabe – ou sabia - disso. Gosto de passar pela vitrine, dar uma olhada para dentro, o ambiente clássico e sóbrio, as paredes de madeira escura, as latinhas de tabaco, as miniaturas de carros antigos, os tabuleiros de jogos, os cantis, os canivetes, o perfume amadeirado, e os ares de galanteria de um mundo perdido em antigamentes que só me pertencem no interior das tabacarias.
E pouca gente sabe – ou sabia - disso. Gosto de passar pela vitrine, dar uma olhada para dentro, o ambiente clássico e sóbrio, as paredes de madeira escura, as latinhas de tabaco, as miniaturas de carros antigos, os tabuleiros de jogos, os cantis, os canivetes, o perfume amadeirado, e os ares de galanteria de um mundo perdido em antigamentes que só me pertencem no interior das tabacarias.
Não à toa Fernando Pessoa escreveu um longo poema intitulado “Tabacaria”. E embora no poema, Álvaro de Campos puxe um simples cigarro, o assunto que me leva a escrever aqui é bem outro: os cachimbos.
Não fumo, não trago, não pito, mas confesso: a-do-ro um cachimbo! Com quanta classe uma pessoa enche o fornilho do cachimbo! E para minha surpresa, há regras para isso: descobri três regras diferentes com 8 a 10 passos a se seguir, como um artista... Além disso, o odor do tabaco de cachimbo costuma ser suave e gostoso.
Não nego q faça mal, absolutamente. Mas é gostoso! Este mundo, afinal, é cheio de gente que bebe coca-cola (q não é arte, não tem charme, tampouco é gostosa), ciente de q faz mal!
A variedade de tabacos é impressionante: há os adocicados, para início do dia, os que contêm vinho ou rum envelhecido, os com folhas de limão, os aromatizados com champagne, licor de cassis, com chocolate, com baunilha, cereja e até com açúcar queimado!
Outra coisa que me atrai são as qualidades creditadas aos tabacos: o aroma é sempre elegante, encorpado, distinto, denso, equilibrado, suave, atraente, sutil, singular... Ou arredondado! Tal como o vinho, o tabaco coleciona adjetivos que me seduzem facilmente.
E ainda que ñ houvesse tal variedade de atraentes aromas, haveria a enorme variedade dos formatos de cachimbos. São tantos que chego a ficar indecisa, ao tentar escolher os formatos mais bonitos!
E não é muuuito bonito?!A variedade de tabacos é impressionante: há os adocicados, para início do dia, os que contêm vinho ou rum envelhecido, os com folhas de limão, os aromatizados com champagne, licor de cassis, com chocolate, com baunilha, cereja e até com açúcar queimado!
Outra coisa que me atrai são as qualidades creditadas aos tabacos: o aroma é sempre elegante, encorpado, distinto, denso, equilibrado, suave, atraente, sutil, singular... Ou arredondado! Tal como o vinho, o tabaco coleciona adjetivos que me seduzem facilmente.
E ainda que ñ houvesse tal variedade de atraentes aromas, haveria a enorme variedade dos formatos de cachimbos. São tantos que chego a ficar indecisa, ao tentar escolher os formatos mais bonitos!
Quando pequena, assisti diversas vezes ao filme “Heidi”, baseado num livro de literatura infanto-juvenil. O avô da menininha fumava cachimbo e tinha na parede de casa uma coleção deles. A menininha da história presenteia o avô com um belo cachimbo comprado na cidade, presente que sempre me pareceu de muito bom gosto.
Na época, meu avô paterno também tinha o elegante (não necessariamente saudável) hábito de cachimbar. Ele se sentava em uma poltrona gostosa para isso, e fazia bolinhas de fumaças, divertidas de olhar. Hoje em dia meu avô ñ fuma mais, mas guarda uma pequena coleção de cachimbos, que gosto de conferir sempre q o visito. O aroma gostoso permanece no fornilho de cada um deles.
O hábito de cachimbar ñ é, naturalmente, próprio apenas do avô da Heidi ou do meu. Há uma grande lista de homens -e mulheres- inteligentes, sensíveis, muito elegantes e (claro!) cachimbantes. Podemos começar com o venerável Gandalf, o Mago de “O Senhor dos Anéis” e seus amigos hobitts, seguidos por seu criador, Tolkien. Também C.S. Lewis, autor de “As Crônicas de Nárnia” era homem de cachimbos. Da mesma forma, Sir Arthur Conan Doyle ensinou Sherlock Holmes a cachimbar, enquanto desvendava casos. Mark Twain cachimbava e se bem me lembro, o menino Huck Finn tbm dá suas pitadas (embora eu discorde de crianças cachimbando. É um hábito q cai bem apenas para um moleque: o saci-pererê, q cachimba sem classe, mas com graça). Tio Barnabé tbm tem um cachimbo, e gosto de pensar no personagem de Lobato contando histórias em torno da fogueira e desenhando rosquinhas no ar, para as crianças que sorriem à sua volta.
A estes nobres personagens e autores, se junta ilustre galeria: Bach, Manet, Van Gogh, Baudelaire, Hemingway, James Barrie, Graham Bell, Isaac Newton, Einstein, Freud, Neil Armstrong, Darwin, Clark Gable e até a rainha Victoria!
É desnecessário mostrar as diferenças entre o hábito de fumar um simples cigarro e o de cachimbar. O cachimbo pede movimentos suaves e calmos, enquanto o cigarro sugere tensão, movimentos nervosos e cinzas espalhadas pelo chão. É fácil imaginar o cachimbante lendo, escrevendo, jogando xadrez ou mesmo contando uma história, rodeado de amigos ou crianças, em atitude simpática e serena.
O cachimbo, ao contrário do cigarro, ñ se consome, ñ é descartável, ñ é símbolo do nosso mundo imediatista. Não, não... O cachimbo, com suas elegantes curvas, é lembrança de um passado nobre, pitoresco e pacato , quando sentar para produzir bolinhas perfumadas, para simplesmente pensar ou mesmo para contar histórias ainda era importante.
E era!
Buscando os perfumes suavemente amadeirados deste passado, é que entro nas tabacarias.
Buscando os perfumes suavemente amadeirados deste passado, é que entro nas tabacarias.
domingo, 2 de março de 2008
Mar e som
E de repente, tantos caminhos diferentes, vistos do alto da colina.
Mas o mais bonito, ela pensou, era aquele q começava na areia, o som das ondas batendo nas rochas.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Crepúsculo
Vindo da montanha, ele seguiu caminho direto ao palácio, sem muitos movimentos ou olhares. Ela não entendeu logo, buscou seus olhos, ensaiou um gesto, sorriu de leve. Seguiu, fazendo barulho, esperando que assim, ao menos, pudesse ser ouvida. Mas seus passos foram encobertos pelo trotar dos cavalos.
Então sentou-se diante dos portões fechados, forte muralha que não sabia transpôr, o coração apertado entre os blocos de pedra. Passou assim muito tempo, até que surgiram doze, vinte e quatro, trinta e seis e logo tantas e tantas estrelas que julgou melhor retirar-se.
E por muito tempo, permaneceu sob as romãs mais próximas. Até que debaixo de sol e calor, começou a contornar o palácio, ultrapassando lagos, riachos e colinas. Lá atrás, vislumbrou uma estrada e detrás da estrada, novos caminhos. E esperançosa, seguiu viagem.
Fez-se tarde.
Só então ele chegou à janela, e do alto da torre, enxergou seus cachos ao vento.
Então sentou-se diante dos portões fechados, forte muralha que não sabia transpôr, o coração apertado entre os blocos de pedra. Passou assim muito tempo, até que surgiram doze, vinte e quatro, trinta e seis e logo tantas e tantas estrelas que julgou melhor retirar-se.
E por muito tempo, permaneceu sob as romãs mais próximas. Até que debaixo de sol e calor, começou a contornar o palácio, ultrapassando lagos, riachos e colinas. Lá atrás, vislumbrou uma estrada e detrás da estrada, novos caminhos. E esperançosa, seguiu viagem.
Fez-se tarde.
Só então ele chegou à janela, e do alto da torre, enxergou seus cachos ao vento.
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Alunos Criativos
Fim de férias, as aulas quase voltando; encontrei em minha caixinha de entrada um daqueles Forwards que, normalmente, jogo fora sem sequer abrir. Como esse foi enviado por meu avô, resolvi ver do que se tratava. E rolei de rir.
Pensei em mandar para muita gente, mas assim como detesto receber, também detesto enviar FW. Como eu precisava postar algo e o tema tem tudo a ver com a idéia do blog, eis aqui as criativíssimas respostas que alunos inventam na hora do sufoco.
Morram de rir! :P
Aluno prestativo
Pensei em mandar para muita gente, mas assim como detesto receber, também detesto enviar FW. Como eu precisava postar algo e o tema tem tudo a ver com a idéia do blog, eis aqui as criativíssimas respostas que alunos inventam na hora do sufoco.
Morram de rir! :P
Aluno prestativo
Muito fácil....
Aluno cristão
Professor indignado
Representação Gráfica ;)
sábado, 12 de janeiro de 2008
Inacabados
Algumas pessoas colecionam selos.
Há os que juntam moedas
ou mesmo cartas antigas.
Eu cá coleciono palavras
que amontôo nos papéis em branco,
anoto na borda dos livros,
guardo em meus pensamentos.
Até perdê-las.
De vez em quando, encontro o início de um conto,
e ele me acena, avisando esperar um final.
Aceno de volta, peço paciência.
E espero que, hora dessas, uma palavra encontre outra,
dentre tantas.
E que terminem, por mim, meus tantos contos inacabados.
Há os que juntam moedas
ou mesmo cartas antigas.
Eu cá coleciono palavras
que amontôo nos papéis em branco,
anoto na borda dos livros,
guardo em meus pensamentos.
Até perdê-las.
De vez em quando, encontro o início de um conto,
e ele me acena, avisando esperar um final.
Aceno de volta, peço paciência.
E espero que, hora dessas, uma palavra encontre outra,
dentre tantas.
E que terminem, por mim, meus tantos contos inacabados.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Balanço
Escrevendo o título, me dei conta do quanto gosto da palavra “balanço”, em todos os seus significados. A primeira intenção era no sentido de avaliação, balanço do ano que passou. Mas ao deparar-me com a palavra escrita, a imagem imediata foi o brinquedo que alegra praças, parques e crianças.
Tão gostoso balançar-se sem compromisso, para lá e pra cá, sentindo o vento nos cabelos! Tão gostosa a imagem de um pai empurrando a cadeirinha, a criança rindo alto, o mundo passando rápido sob seus pés. E tem a moça que balança leve sobre o balanço do parque, pensando decerto em coisas bobas, mas necessárias. Que balança leve e sorri gostoso.
E tem o balanço ritmo, balanço dança, balanço leve da cabeça ou dos dedos, acompanhando a orquestra; ou o balanço do tronco, dos braços, balanço inteiro de quem ouve Noel ou Pixinguinha. Balanço do músico que ao tocar, ondeia o instrumento, de levezinho.
Ondeia. Balanço das ondas no mar... Calmas, ida e volta; agitadas, imensas, balançando-se constantemente. E a rede, entre coqueiros, balança, balança, balança...
Cadeira de balanço. Tem balanço tão significativo quanto esse da cadeira que, sozinha, embala recordações? E as folhas das árvores, que balançam com o vento. E a gaivota que plana e balança por cima do balanço das águas. E a mãe que embala o filho à noite, balançando-o de lá pra cá, enquanto canta. E os namorados que balançam sonhos nas mãos entrelaçadas.
O ano que passou me trouxe essas idéias, tolas talvez, mas leves. Me leva a concluir que foi, sim, um lindo ano. Volume gostoso deste livro que escrevo, ilustrado com aquarela, que é tinta leve cujas cores ondeiam –e balançam - sobre os desenhos.
A todos nós, portanto, belos balanços em 2008. ^^
Tão gostoso balançar-se sem compromisso, para lá e pra cá, sentindo o vento nos cabelos! Tão gostosa a imagem de um pai empurrando a cadeirinha, a criança rindo alto, o mundo passando rápido sob seus pés. E tem a moça que balança leve sobre o balanço do parque, pensando decerto em coisas bobas, mas necessárias. Que balança leve e sorri gostoso.
E tem o balanço ritmo, balanço dança, balanço leve da cabeça ou dos dedos, acompanhando a orquestra; ou o balanço do tronco, dos braços, balanço inteiro de quem ouve Noel ou Pixinguinha. Balanço do músico que ao tocar, ondeia o instrumento, de levezinho.
Ondeia. Balanço das ondas no mar... Calmas, ida e volta; agitadas, imensas, balançando-se constantemente. E a rede, entre coqueiros, balança, balança, balança...
Cadeira de balanço. Tem balanço tão significativo quanto esse da cadeira que, sozinha, embala recordações? E as folhas das árvores, que balançam com o vento. E a gaivota que plana e balança por cima do balanço das águas. E a mãe que embala o filho à noite, balançando-o de lá pra cá, enquanto canta. E os namorados que balançam sonhos nas mãos entrelaçadas.
O ano que passou me trouxe essas idéias, tolas talvez, mas leves. Me leva a concluir que foi, sim, um lindo ano. Volume gostoso deste livro que escrevo, ilustrado com aquarela, que é tinta leve cujas cores ondeiam –e balançam - sobre os desenhos.
A todos nós, portanto, belos balanços em 2008. ^^
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