terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Desceste das Estrelas

Desceste das Estrelas
de Santo Afonso de Ligório

Desceste das estrelas, Rei celeste,
e à gruta escura e fria tu vieste:
ó divino Pequenino, eu te vejo aqui tremer,
Deus encarnado...
O quanto te custou me haver amado!

Tu, que plasmaste a terra e o céu fizeste,
faltam-te agora, ó Deus, coberta e veste.
Ó querido estremecido, a que extremos queres vir:
esta pobreza
mostra, do teu amor, toda a riqueza.

(tradução de Dom Marcos Barbosa)
***
Esta é uma das minhas canções de Natal prediletas. No original, em italiano, é belíssima!
No youtube, pode ser visto com um coral e num clipe natalino na voz de Pavarotti.
Um feliz e Santo Natal aos amigos de sempre e aos visitantes ocasionais! :)

domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal

Natal
Vinícius de Moraes

De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:
— Cristo nasceu!
O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
— Aonde? Aonde?
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
— Em Belém! Em Belém!
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
— Foi sim que eu estava lá!
E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar:
— É mentira!
Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.
O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!
Brava
A arara a gritar começa:
— Mentira! Arara. Ora essa!
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.
Bale o cordeiro também:
— Em Belém! Mé! Em Belém!
E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Ao Cantar do Galo

Ao cantar do Galo

Dom Marcos Barbosa

(para ser cantado com a música "Au clair de la lune")

Ao clarão da lua
nasce o Menino
vamos adorá-lo,
que é tão pequenino!

Na palha deitado,
vamos encontrá-lo,
pois já se ouve ao longe
o cantar do galo...

Só porque é pequeno,
não o adorarei,
mas vou adorá-lo
porque é nosso Rei.

A Virgem tão bela,
sem nenhum enfeite,
ao que nutre as aves
irá dar seu leite...

Nós, com nossos cantos,
vamos embalá-lo,
pois já morre ao longe
o cantar do galo...

Na terceira missa
vamos proclamá-lo,
pois não mais se escuta
o cantar do galo...

(in "Poemas para Crianças e alguns adultos")

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Cantiga dos Pastores

Cantiga dos Pastores
Adélia Prado

À meia noite no pasto,
guardando nossas vaquinhas,
um grande clarão no céu
guiou-nos a esta lapinha.
Achamos este Menino
entre Maria e José,
um menino tão formoso,
precisa dizer quem é?
Seu nome santo é Jesus,
Filho de Deus muito amado,
em sua caminha de cocho
dormia bem sossegado.
Adoramos o Menino
nascido em tanta pobreza
e lhe oferecemos presentes
de nossa pobre riqueza:
a nossa manta de pele,
o nosso gorro de lã,
nossa faquinha amolada,
o nosso chá de hortelã.
Os anjos cantavam hinos
cheios de vivas e améns.
A alegria era tão grande
e nós cantamos também:
Que noite bonita é esta
em que a vida fica mansa,
em que tudo vira festa
e o mundo inteiro descansa?
Esta é uma noite encantada,
nunca assim aconteceu,
os galos todos saudando:
O Menino Jesus nasceu!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Canto de Natal

((Vamos ver se funciona: um poema de Natal por dia, até o Natal chegar - ñ q vá ser muita coisa... :P))

Canto de Natal

Manuel Bandeira

O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.

Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.

Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.

Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.

(in "Antologia Poética - Manuel Bandeira", Editora Nova Fronteira )

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A quem chega

De minha pena não brotarão
versos de rimas raras,
tão próprios de amores perdidos
e das imensas paixões sofridas.

Nem escreverei aventuras heróicas,
epopéia brilhante de atos ousados,
escrita com os mais rebuscados vocábulos
e compreendida por poucos ou ninguém.

Tampouco concebo um drama, daqueles de longos e belos diálogos e intensas estruturas frasais. E cuja jovem heroína morre antes do fim, lamentada por um cavaleiro que, perdido entre os capítulos, demorou até as últimas páginas para chegar.

Não.
Prefiro a coletânea de pequenos contos.
Um seguido de outro, leves, curtos, reais e firmes.
Aos poucos renderão - quem sabe- um romance.

Que fique consagrado em nossa literatura!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Singelos Pedidos

Entusiasmada com a idéia de fazer uma boa ação neste Natal, adentrei a sede dos Correios. Lá estão reunidas as muitas cartinhas que as crianças enviam para Papai Noel, no fim do ano.

Segundo o que lera no jornal, as cartas costumam ser enviadas por crianças carentes cujos singelos pedidos esperam por nossa boa ação. Adotando uma carta dessas, você se torna uma espécie de ajudante de Papai Noel. Uma alegre idéia, me pareceu...

A expectativa era grande. Uma boneca, uma cesta de chocolates, roupas, talvez um vestido, uma enorme caixa de lápis de cor, toda criança adora lápis de cor; será que posso adotar duas ou três cartnhas?- tudo isso ia matutando, enquanto trazia para perto de mim uma das caixas de cartas.

“Querido Papai Noel, feliz Natal.
Meu nome é L., tenho 7 anos e gostaria muito de ganhar uma bicicleta aro 20, azul do Homem Aranha. Obrigado.”


Ousado, este L., pensei, partindo para outra. Que pedia uma bicicleta rosa com cestinha, da Hello Kitty. E para outra, que pedia um carrinho de controle remoto da Ferrari... Segui na minha busca por uma singela cartinha. Encontrei uma boneca Miracle Baby, patins da Xuxa, lava-jato do Hot Whells, um lap-top do Homem Aranha (ele, novamente!), Barbie Princesa da Ilha, e mais bicicletas e mais lap-tops e bicicletas e lap-tops e sempre assim, a cada carta lida e relida. De singelas, apenas as minhas idéias, antes de entrar nos Correios.

É, Papai Noel está precisando mesmo de muita ajuda!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Eros e Psique

Tomei hj, mais uma vez, a resolução de voltar a escrever no blog pelo menos uma vez por semana. Ainda que não seja um texto, ainda que o texto não seja meu, ainda que seja apenas um “alô”, para valer a pena manter um blog, afinal.

Estudando para uma prova essa semana, li uma poesia de Fernando Pessoa, da qual gostei muito. Em seguida, encontrei um vídeo no youtube com a mesma poesia. Ilustrada pela professora. =P


Eros e Psique
*
Fernando Pessoa
*
...E assim vêdes, meu Irmão, que as verdades
que vos foram dadas no Grau de Neófito, e
aquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto
Menor, são, ainda que opostas, a mesma verdade.
(Do Ritual Do Grau De Mestre Do Átrio
Na Ordem Templária De Portugal)
*
*
*
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
*
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
*
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
*
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
*
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
*
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
*
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
***

Para ver o vídeo: http://br.youtube.com/watch?v=ORbyqzaKJKs&feature=related

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Aracne ou Penélope?

Meus sonhos,
teço-os
tênues teias.

Depois desfaço-os,
soprando-os

ao sabor dos ventos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Três Anos

É um belo número... E, devo dizer, uma longa e agradável história.

Em comemoração ao nosso aniversário, decidi inaugurar este novo espaço para nós, mais leve, mais organizado e, quem sabe, mais movimentado.

O endereço anterior deixará de existir, provavelmente muito em breve. Por isso, estou transferindo, aos poucos, todos os posts antigos de lá para cá. Com o tempo, tentarei fazer o mesmo com os comentários - proncipalmente com os divertidíssimos comentários da nossa época áurea!^^

Aproveito para postar saudades. Saudades do misterioso Anônimo, q às vezes passa, mas tão de quando em vez que deixa saudades. Saudades do amigo Esk, que (e fez muito bem!) se perdeu pelo Velho Mundo e especialmente, saudades do menino -Ei. Gosto de imaginar que o espertinho passa por nossos blogs uma vez ou outra, para ver como estamos. Espero que passe por aqui, e saiba que sinto (sentimos!) muita falta dele. E desejamos sempre que esteja feliz...

Os amigos que nunca sumiram (Adry, Jooodok, Miga, Tski!!) tbm merecem uma homenagem, pela enorme paciência, hehehe ^^ Espero que possamos passar mais três anos juntos, e depois mais três e mais três e mais, mais, mais... Isso vai ser um bocado de tempo, no fim das contas! ;)

Quanto ao nosso novo espaço, espero opiniões. Reclamem, critiquem e elogiem tbm, por favor! Se houver algo do antigo q deva vir para cá, avisem, que passarei a informação à secretaria e tentaremos atendê-los em breve.



E parabéns para nós!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Resumos e Rascunhos

Eu devia estar fazendo mil outras coisas- entre elas, o almoço- mas cá estou, atualizando o blog. Volta e meia me pego pensando no que escrever aqui...
De vez em quando sai uma poesia torta, um mini-texto, um desenho apressado, um sorriso escondido, uma frase solta ao vento. Vou juntando tudo, confundindo tudo entre todos os papéis que diariamente me acompanham e nada vem pra cá, no fim das contas.

Juntei alguns, todos memórias sem data. Um apanhado de meus últimos papéis esparsos:



Aquela menina de cabelos presos em cachos por um fino laço lilás passou muito tempo inclinada à janela. Olhar vago, quase choroso, eu diria. Diria, se ela tivesse chorado.

Mas ela permaneceu assim, dias a fio, o olhar mudo passeando pelas ruas. De movimento, apenas os cachos, brincando com o vento.

A insistente voz da mãe fez com que descesse a atravessasse o umbral da porta. Os pés guiaram-na pelo caminho conhecido, andando sem cansaço, sem decisão, sem certeza. Até se perderem.

Então pararam, e ela ergueu os olhos. Estava perdida, estavam perdidos. Caminhos que se cruzavam e levavam a lugar algum. Estrada sem placas ou com placas demais, ela não saberia dizer. Ela nunca sabe dizer nada.

Restava seguir caminho ou retornar.
***

Entre o caderno de linhas
E aquele bloco branco
Prefiro o segundo.
Que não impõe limite aos sonhos.


***

Segredei-lhe, no inverno,
meus segredos.
Você fingiu não ouvir.
Mas deixou que a canção continuasse tocando.

Agora já é primavera,
logo virá o verão.
As palavras que não ouviste,
Haverá os que ouvirão.

E brotam as flores.
E chove, de leve.
Na brisa, uma nova canção.


***

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Som do Silêncio

Eu não era assim sorridente,
e muitas vezes – ai de mim!
Esquecia de ser contente.

Mas veio você de mansinho.
E me chamou de mansinho.
E me desenhou de mansinho
entre as flores do seu jardim.
E, de mansinho, me ensinou este sorriso.

Porque antes, não havia.
Não havia este riso
Tão limpo,
Tão claro,
Tão teu.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

De Cecília

“A infância, afinal de contas, é apenas esta coisa simples; uma etapa da vida humana, da bela, heróica e forte vida humana, com todas as suas derrotas e vitórias.”

A frase acima é a 5ª da página 161 do livro “Crônicas de Educação”, de Cecília Meireles. Poderia estar aqui por algum nobre e educativo motivo, até pq tem tudo a ver com o blog... Mas não... É apenas um jogo, sugerido pelo Alfredo.

O mais difícil pra mim nem foi escolher um livro ao acaso, mas decidir se devia apanhá-lo à direita, à esquerda, em cima, atrás ou embaixo... :P Acabei optando pela esquerda mais próxima, e peguei um Júlio Verne, cuja 161ª página é uma ilustração. A Cecília foi a opção seguinte... Gostei do jogo e pretendo repetir todas as vezes em q o blog estiver mt parado e eu estiver sem boas idéias – como agora, por exemplo...

As regras mandam passar o jogo para mais 5 blogs, mas eu ñ tenho 5 amigos blogueiros que mantenham seus blogs mais ou menos atualizados. Passo, portanto, para a Adry, o Ricardo, o Jodok e o Tski. (Hmm, acabo de notar q o Blogski está há um ano sem atualizações.... É, faltam-me amigos blogueiros..) Para quem quiser entrar na brincadeira, eis as regras:

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Cintilando

Antes de mais nada, ela sentia saudades. Saudades imensas de um não-sei-quê. Não era saudade de gente, nem de lugar algum. Não era saudade de um tempo passado, nem de um lindo dia de chuva, nem de parques que conhecera.

Não. Algo desconhecido incomodava.

O desconhecido.

Talvez nem mesmo fosse saudade. Passava então toda a noite acordada, sobre o peitoril da janela e não esperava por flores, nem vento, nem ninguém. Apenas contava as estrelas uma a uma e perguntava-se os porquês de tanta saudade.

Durante algumas noites, desenhava estrelas, copiando a exata posição de cada uma, no céu. Em outras, nomeava-as, como a amigas, para em seguida contar a elas seus segredos mais escondidos. Escondidos até de si mesma.

Outras vezes, escrevia. Escrevia obsessivamente sobre estrelas, prometendo-lhes que, em algum momento, conseguiria produzir um texto digno de tanto brilho.

E houve vez em que, erguendo uma prece, pensou dirigir-se aos céus. Mas era com as estrelas que falava.

A mais bela noite, porém, foi aquela em que as estrelas desceram, lentamente. Rumo à sua janela. Uma a uma, postaram-se sob seus olhos, cobriram-lhe o rosto, cintilaram pela face.

E permitiram, enfim, que adormecesse.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Quando a criança se molha no frio,
é possível que acabe gripada

ou que pegue uma pneumonia.

Mas nada disso tira a graça de um banho de chuva.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Após um bom dia de aula...

Sem muitas delongas: eu decididamente amo ser professora. Muito, muito, muito! Nasci pra isso (e soa bonito...).
É bom q fique registrado, para q eu possa redescobrir, se um dia for necessário.

sábado, 18 de agosto de 2007

Encanto

Entre meus textos não publicados aqui, encontrei um que gostei muito de escrever e que ainda gosto de ler - o que não é muito comum.
Quando escrevi, recebeu o título de "Encantada", mas do título, nunca gostei...
Não publiquei na época e talvez agora não seja absolutamente pertinente. Mas aí está...

*
Encantaram-na as sombras, encantara-a o céu, encantara-a o sol, encantara-a os pássaros e o vento, o arco-íris, a chuva; encantada.

Mas nunca houve encanto tão grande como aquele que, então, prostrava-a diante do lago, diante do palácio, sob as estrelas, todas as noites, invariavelmente. Encanto, canto que guardava a um só tempo céu, chuva, arco-íris, sombra, vento, pássaros. Estrelas.

Pertencia-lhe, já.

Talvez por descuido, ao conversarem, deixara embeber-se com as cores de seu olhar. E enfeitiçada, era toda dele, embora ele não pudesse, de forma alguma, saber.

Pertencendo-lhe, queria-o. Não para si – pois deixam de cantar, os pássaros presos – mas próximo de si. Junto a si. Queria-o. Que, ao menos, soubesse o quanto já o amava, não por amar simplesmente, mas por admirar-lhe, como se admira o céu ou as estrelas.

Conta-se que já houve quem se apaixonasse por estrelas, e que, embriagado de amor, lançou-se a um grande lago, onde o reflexo da estrela descansava. Na água agitada, desfizeram-se as estrelas, todas e também aquela, tão amada.

Conta-se também, que o amante da estrela afogou-se, tentando, ainda, alcançá-la.
Senhor! Não permita que também ela, menina, lance-se ao lago. Que exista outra forma de, em mãos, ter uma estrela!


terça-feira, 7 de agosto de 2007

Post de aniversário

Já é quase uma obrigação: quando faço aniversário, sinto-me obrigada a rascunhar qualquer coisa aqui. Nem que seja para depois olhar e poder dizer que não deixei, eu mesma, a data passar em branco.

No mês passado, enquanto arrumava algumas das minhas muitas e desordenadas gavetas, encontrei um diário trancado, no qual só devo ter escrito três vezes, quando muito. Forcei o cadeado, abri, e folheando, descobri uma lista feita em 07.08.99.

A lista pretendia dar conta de todos os meus sonhos até então. A idéia era ter escrito uma lista nova a cada aniversário, riscando os desejos já alcançados. Como esqueci do diário, não cheguei a fazer isso nenhuma vez...

A surpresa boa foi constatar que, passados oito anos, realizei a maioria dos meus sonhos de então. (Só não abri um túnel entre meu quarto e o do meu irmão, nem traduzi Karl May, nem casei... :P)

Pretendo fazer isso, mais uma vez: escrever em algum lugar meus novos sonhos e os que restaram – talvez nas páginas amareladas do tal diário, para (quem sabe?) aos 32, descobrir que continuo realizando meus sonhos.

Ou que continuo sonhando sonhos realizáveis. :)

domingo, 29 de julho de 2007

E a redação da Miga


Dois girassóis andavam pela praia. Pararam assustados quando uma alcatéia de libélulas azul-douradas passou navegando.

O besouro Escurinho passeava no jardim com as crianças.
Muito sol e muito verde por tudo.

Os girassóis reclamaram: este mundo ficou maluco! Mas o besouro Escurinho já ia lá longe.
Muito sol e muito verde por tudo.
A água era verde com muito sol. (Tinha também uma gaivota verde).

Era tudo meio estranho, mas os girassóis continuaram a andar. A areia estava quente e gostosa. Então, as libélulas cantaram.
Muito belo e bonito.

Uma canção de ninar
com o som do mar
com as ondas batendo
com as ondas lambendo as nuvens.

Os girassóis e o Escurinho... não precisam de cartas: eles passeiam na beira da praia.
Às vezes não dizem nada, mas se olham e pronto. Com as crianças, o mesmo.

As libélulas agora estão retornando. São quase cinco horas e elas vão ensaiar o concerto de amanhã: Chuá, chuá. Som de mar e ondas.

E vão dormir bem ao som das próprias canções de ninar.
Um pássaro aqui e ali, esperando para ser acariciado. Assim é o verão aqui.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Da Adry


Era uma vez uma estrela em meio a escuridão. Ela brilhava, cintilava, iluminava... Um dia, começou a sentir na noite uma grande solidão e foi aos poucos se ofuscando, apagando, escurecendo.
Quando a tristeza e o abandono já pareciam reinar, ela vê as estrelas vizinhas ainda a brilhar, alegremente a cintilar, calmamente a iluminar. Tudo fez-se luz!

A estrela nunca esteve só, ela só não tinha percebido que mesmo que não visse com os olhos a presença de suas companheiras, elas ali estavam. E nunca mais se ouviu falar em escuridão, porque a estrela agora sabia...
(menina Adry)

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terça-feira, 19 de junho de 2007

Lembrança do Mundo Antigo

As crianças olhavam para o céu: não era proibido. A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo. Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das onze horas, esperava cartas que custavam a chegar, nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!! Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

Carlos Drummond de Andrade
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O menino Tski - aquele q insiste em querer ser o primeiro da turma - enviou a primeira estrofe da poesia. A segunda estrofe foi pesquisada pela professora, que não sabia q Drummond pensava nela, naquele tempo.
Até pq faz muito tempo. Mas isso ñ é importante! :P

domingo, 10 de junho de 2007

Retornando às atividades

Estou reinaugurando os trabalhinhos de casa - e foi idéia do Tski, qualquer coisa, reclamem com ele! :P

É coisa simples: qualquer coisa q vcs achem q se encaixa bem na escolinha, enviem. Do jeito q sempre foi: poesia, desenho, continho etc etc

Nada q dê trabalho. É só para agitar o espaço mesmo, já q a professora sozinha não faz isso... Fico aguardando até o fim do mês ou mais um pouquinho.

Depois a nota será lançada! :p

terça-feira, 29 de maio de 2007

Chiove

De manhã, ao acordar,
vi que chovia.
Mas não era lá fora.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Selo Júlio Verne

Acho q nunca comentei aqui nada sobre Júlio Verne... Um erro bastante feio, uma vez que pode-se dizer que, com Júlio Verne, iniciei minha carreira de leitora (se isso existisse, hehe).

Foi lendo "Dois Anos em Férias", aos 11 anos, que me apaixonei por um escritor pela primeira vez. De quebra, por um personagem, também. Como o livro é mt bom e a história é longa, ficarão para outra ocasião.

Mas em reparação ao meu erro, fica um pedido: um amigo da Comunidade Júlio Verne desenhou um selo comemorativo da visita de Verne a Portugal


Não é bonito?

Este selo está concorrendo a ser impresso e a circular por terras lusitanas durante o próximo ano. Mas quem escolhe os selos são os internautas,e votar é facinho... =)

Basta acessar o site Aqui há selo e entrar com seu e-mail (em geral ñ aceitam hotmail...). Encarem como um dever de casa e venham aqui contar para a professora qts votos vc computou.


Claro, votar com mais de um e-mail vale e é louvável! ;)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Andorinhas


Mário Quintana

Voa um par de andorinhas, fazendo verão. E vem uma vontade de rasgar velhas cartas, velhos poemas, velhas contas recebidas. Vontade de mudar de camisa, por fora e por dentro... vontade... Para quê esse pudor de certas palavras? Vontade de amar, simplesmente.


[Sapato Florido, 1948]

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Mudanças - Post Enquete

Enumerando-as (as mudanças), só neste ano, na ordem em q são lembradas:

1. De sonho - Como o Sonho n°1 foi plenamente alcançada e a Alemanha já foi conquistada, houve uma necessária mudança de sonhos e planos: o próximo é voltar lá.

2. De quarto: nossa, em 3 meses passei por cerca de 14 quartos diferentes. Nos primeiros dias de volta, ainda acordava sempre me perguntando: "onde é q estou agora?"

3. De casa e bairro: Sair de Piedade para o Cachambi não é exatamente uma conquista. Mas agora tenho meu próprio quarto (ufa, o mesmo há mais de 15 dias!) e não há fantasmas batendo portas.

4. De Paróquia: eu devia continuar indo à Divino Salvador, pq descobri q gostava de lá, afinal. Mas são dois ônibus no domingo de manhã cedo, então estou tentando acostumar-me com a Nossa Senhora Aparecida.

5. De família: não, claro q a família é a mesma, mas mudou. Virou do avesso (ou será o oposto?).

6. De turma na escola: deixei minha já tradicional Classe de Alfabetização para acolher a Classe Especial. E foi muita, muita sorte mesmo não ter mudado de escola!

7. De celular: não é importante e o número permanece o mesmo, mas aquele pifou (pegou a chuva de ontem e ficou todo molhado junto com a professora. A professora resistiu, mas ele não). Celulares são amizades efêmeras.

8. Não sei como chamar essa mudança: de formanda para formada. Que nome se dá a isso? O fato é q é estranho não estar na UERJ, qd penso nisso sinto-me meio solta no ar. Se é q me entendem...

E basta! Se eu me esforçasse, poderia lembrar de outras, mas cansei... O importante, q seria mudar a alma de casa, não consigo faz é tempo. (E isso é razão para rir ou para chorar?)...

E já que as mudanças têm sido tantas, decidi colocar em prática algo em q venho pensando há muito: quero mudar a cara da salinha. Não sei, cansei desse rosa todo e dos gatinhos pulando em cima do cantinho de Leitura (eles q me perdoem!). Cansei do livro empoeirado q está ali faz séculos e que nunca arrumo tempo para mudar! Cansei da professorinha de cabelos ao vento e até (!!!) do nome do blog, pode? ((Ou não cansei coisa nenhuma, mas o dia foi longo e comecei a achar q cansei. É esperar para ver...))

Mas a minha sala de aula, embora minha, sempre foi mais NOSSA que qualquer outra coisa da qual eu possa me lembrar. Por isso mesmo é q o "pode" da pergunta ali de cima não é apenas enfático, é sério.

Então ajudem a professora, que sozinha ela não faz nada de nada (só pega trens pela Europa, mas nem isso ela quer mais!)... Vou dar um tempo neste post, à espera da opinião de todos os ávidos e fiéis leitores e de todos os esforçadíssimos alunos. Quem puder, entre em contato com o amigo Esk e com o Anônimo, que anônimo ou não, tem participação importante aqui.

Tentarei avisar o menino -Ei, mas não acredito q ele apareça... =( Anotem tudo aí na agendinha de recados, que a professora aguarda posições e sugestões - q poderão ser aceitas ou não, de acordo com a opinião da Direção.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

-Pronome possessivo masculino, primeira pessoa do singular-

Indecisa como sempre fui, nem precisava de tantas opções para quase desistir de escrever qualquer coisa.
Mas o avião que peguei em Madri começou a descer. Acabou, pensei. E não pensei no que escrever...
Acabou e agora estou de volta... Fim! E me recusei a chorar, não por ser corajosa, mas porque o avião estava cheio.
Deixamos o céu muito azul e fomos passando pelo meio das nuvens espessas. Nó na garganta, lembrei dos castelos à beira do Reno, que no caminho para o aeroporto de Frankfurt, me arrancaram tantas lágrimas - é, o trem estava vazio! Tantos castelos que deixei para trás!
Pensei ver entre as nuvens, de relance, flocos de neve, os últimos, que vieram se despedir de mim em Londres. E os museus, e os monumentos e tanta coisa... E pousando, vi minhas montanhas recortando o céu azul e os raios de sol muito fortes batendo na Igreja da Penha - aquela que ainda devo visitar, lembro-me sempre.
E no Largo da Carioca (sim, foi no dia seguinte à chegada, mas que diferença faz?) senti o vento fresco correndo, aliviando nosso calor abafado. Um vento brincalhão, como só nosso vento sabe ser. E subi o morro de Santo Antônio, até o convento, para lá de cima, ver meu Largo -não sou eu, a Carioca? - e ali, logo mais, a Cinelândia. A praça mais linda do mundo, eu sempre afirmei. Num sentimento meio alegria, meio surpresa, parada diante do Municipal, tive a certeza de que, sim, é a mais linda do mundo.
Ri alto e não foi sozinha, nem surpreendi ninguém. Carioca que anda por ali, sabe onde está andando... Como não sorrir, andando pela Cinelândia?
Anotei as datas dos ballets, dos concertos. Nós também temos tantos! Passei rapidamente pela porta do Museu de Belas Artes, agora em fim de reformas. As obras nos prédios da Cinelândia sempre me incomodaram muito. Mas Berlim e Paris pareciam um canteiro de obras, portanto, como reclamar das nossas?
Subi pulando as minhas escadas - aquelas que ficam diante da Biblioteca Nacional - e ali de cima, observei o Pão de Açúcar. E o chafariz diante do Obelisco da Rio Branco, e mais adiante o Passeio Público. Meu parque, meu banquinho, minha história...
Tá, voltar da Europa é muito triste. Mas se existe um local bom para se chegar de volta, com certeza é o Rio.
Os caríssimos leitores devem estar rindo da professora, claro.... Todo mundo sabe que não há lugar como a nossa casa. Mas, acreditem, não é por morar no Rio, não é por ter nascido aqui (e posso, eu mesma, acreditar nisso?), não é por ser minha cidade. Pelo contrário, por ser o que é, fiz meu o Rio, como me apraz fazer com tudo o que gosto muito. É meu. É meu, como tantas ruas da Europa o são agora...
Mas é meu com o Largo do Boticário, os Arcos da Lapa e a Candelária, com a Baía de Guanabara e Ilha de Paquetá. Meu, com pronome possessivo na bela língua portuguesa! É meu com as cores da Aquarela.
Meu.
E viva o Bondinho de Santa Tereza!

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Depois dessa escandalosa declaração de amor ao Rio, convido os leitores e alunos a entrarem em contato. O Rio merece, sempre - sem dúvida alguma - muitas visitas! E eu continuo tendo o maior prazer de andar pelas nossas esburacadas, mas carioquíssimas ruas, mostrando e explicando a alegria de ser carioca.

sábado, 24 de março de 2007

Parques e Janelas

Gosto de parques como gosto de janelas. Isso descobri da forma mais óbvia, escrevendo sobre um parque, no peitoril de uma janela. Já devia saber disso há mais tempo, a menina de laco lilás está quase sempre na janela ou no parque. Oras!

Correndo parques afora, tornei a descobrir outra menina, muitas delas, confusas e difíceis de entender. Ela coleciona saudades, saudades do mundo, de parques que viu e daqueles que ainda pretende ver um dia.

Coleciona saudades de pessoas, das que conhece, das que escrevem, e ultimamente, muita saudade das que nao escrevem também. Como louca, se delicia em misturar águas, suas e as dos lagos e rios que encontra pelo caminho - parques estreitos, aqui ou ali, canteiros de flores. Às vezes pensa em como seria bom que alguém surgisse e sentasse ao seu lado, diante do lago ou perto da ponte q cruza o rio - aqule q dá no caramanchao.

Onde quisesse, desde q sentasse para conversar. Entao tornariam a passar por todos os parques e castelos e lagos, e talvez deixasse, mais um vez no Sena, algumas lágrimas. Apenas por achar bonito. Como louca. E não colecionaria mais segredos.

Mas nos parques, a vida corre; da janela a menina pode observa-la em segredo, com falsa sensacao de seguranca. Acredito q a janela fique no alto de uma torre, por isso ele nao consegue chegar. Ou é a menina quem nao quer descer?!

***

Eu nao gosto do blog vazio por tempo demais. Me sinto culpada e envergonhada diante de meus leitores (todos eles!) Por isso, escrevo agora, assim curtinho, nem q seja qq coisa. Coisas q me passaram pela cabeca em parques, de verdade. E que nao necessariamente fazem sentido. Pura ficcao, a menina. (Nao a de laco lilás. Esta outra.)

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Feliz Lembrança

Nao precisam de fadas,
aqueles que têm Anjos da Guarda.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

A Bela Adormecida

Quando a princesa adormeceu, toda a corte caiu, também, no mais profundo sono. E por todo o tempo, estiveram ali com ela, sem que ela ao menos soubesse.

Por seu sono, velavam as fadas e o príncipe vinha, guiado por elas.

Mas a menina do laco lilás nos cabelos, nao é princesa. Nem a corte, nem ninguém a acompanha. Nao há fada que mantenha príncipe em seu caminho.

Ela precisa ser paciente, apenas.
E esperar

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Esk

Encontrei!!!

E nao é que em algum canto, na enooooooooorme livraria de Essen, topei com nosso amigo Esqueleto? Ele está aqui já faz é tempo, descobriu a livraria bem antes de mim!


O mais engracado é q tirei esta foto antes do Tski falar sobre o assunto, mas nao tive tempo de vir postar!
((Isso nao terá, mesmo, a menor graca, nem fará o menor sentido para os vistantes novatos - se os há. Mas, acreditem: tem graca e faz sentido! (; ))

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

No Céu

E conheceu o azul mais azul que pode existir sobre - exatamente sobre - a face da terra. Um azul de tal tom, que deveria existir um nome especial, somente para aquele azul. No imenso azul de escuro profundo (chamemos assim o azul tao penetrante, uma vez que faltam palavras mais específicas) brilhava ainda uma estrela, intensa.
Imaginou que aquela estrela esperara por ela, para que, acordando, pudesse vê-la e pensasse o quao distantes estao as estrelas. E pensasse como era bonita aquela uma estrela, ali, despendindo-se dela no imenso azul, azul, veludo azul. O azul -azul céu de presépio?- era cortado, de ponta a ponta (mas onde é a ponta do céu?) pela linha mais perfeita que se pode conceber. Agora sim, podia dizer, conhecera o horizonte. Ele estava ali, cortando Azul, reta firme, segura, tracada sobre régua divina, dividindo o espaco entre as nuvens e o céu.
As mais belas nuvens sao aquelas, logo abaixo do céu. E o céu mais belo é o que se esconde acima das nuvens. A estrela, por estranho motivo, aguardava ainda.
Lá adiante, ela descobriu um mar de raios perfeitos, partindo de um ponto da reta, risco de céu. Raios tracados artísticamente e coloridos com todos os tons de doirado -e existem tantos- conhecidos e desconhecidos. Pouco a pouco, diminuia, a estrela, de vigor, como se entendesse nao dever -nem poder - ofuscar o que estava por vir.
E ela aproximava-se, rapidamente do doirado. Doirados sublimes, colhido pelos anjos nas mais ricas minas do Céu. Repentinamente -certamente ela se distraira- o céu estava claro e a estrela - para onde? - retirara-se respeitosamente. Os raios tornavam-se alaranjados, róseos, rubros.
E no exato ponto onde um matemático poderia definir o centro da reta - mas nao sao infinitas, as retas? - viu erguer-se, resplandecente de Luz, gigantesca Hóstia de ouro. Subitamente, as palavras deixaram de existir.
Entoou, em silêncio, uma Ave Maria. Murmurada, talvez apenas pensada, quem poderia dizer? E para que aumentar o tom de voz, se tinha todo o céu diante de si? E nao era, mesmo, o Céu?
Ela entendeu, entao, o porquê dos raios perfeitos, o porquê do Azul, o porquê dos doirados. E o porquê da última estrela.
***
Escrito diante do alvorecer mais belo que já pude ver. Deveriam existir vôos específicos para que as pessoas pudessem assistir este nascer-do-sol. Poderiam, entao, entender.